# Insight Literário - 1984 [George Orwell]

Título: 1984

Autor: George Orwell

Editora: Companhia de Letras

Lançamento: 1949

Preço: 39,90

Bom, li esse livro na frente de muitos da minha lista para O Clube do Livro de Niterói (que infelizmente eu não pude ir) organizado pela Íris do Literalmente Falando. Já era para eu ter terminado ele antes mas não pude pois acabou chegando o livrinho Morganville e junto com o carnaval atrapalhou minha vida literária.

O livro 1984 conta a história de Winston, um homem de 39 anos com úlcera varicosa que vive em uma sociedade onde tudo é controlado pelo Estado governado pelo Grande Irmão. Tudo inclusive o pensamento.

O mundo em 1984 (futurista para a época em que o livro foi escrito) estivera divido em 3 grandes Estados, cada um com suas próprias leis e muito semelhantes entre si que viviam em guerra, ora aliados um país a outro e lutando contra o que sobrava ora invertendo a ordem. Os três grandes Estados eram chamados: Oceânia, Eurásia e Lestásia.

Winston, um cidadão da Oceânia e membro do Partido trabalhava no Ministério da Verdade, o responsável por mudar os registros do passado que não correspondiam ao presente planejado pelo Partido. Havia também mais três ministérios, o Ministério da Pujança e o Ministério do Amor e o Ministério da Paz, o primeiro lidava com a escassez de alimentos, o segundo praticava tortura e o terceiro cuidava dos assuntos de guerra.

"Essas contradições não são acidentais e não resultam da mera hipocrisia: são exercícios deliberados de duplipensamento. Pois somente reconciliando contradições é possível excercer o poder de modo indefinido. (...) se quisermos que os Altos, como os chamamos, mantenham para sempre suas posições -,o estado mental predominante deve ser, forçosamente, o da insanidade controlada."

O duplipensamento, palavra em NovaFala, significa a capacidade de abrigar na cabeça duas crenças contraditórias e acreditar em ambas. A Novafala, língua que estava sendo implementada na época, tinha a intenção de eliminar da língua inglesa muitas palavras que podiam levar o indivíduo a uma reflexão e que poderiam lhe ajudar a se expressar melhor.

Em Oceânia não basta fazer apenas parte do Partido, é necessário ser totalmente subordinado a ele, todos os movimentos da população são controlados através de teletelas - tvs que vigiam a população - e devem seguir todas as regras ditadas pelo grande líder ícone do partido o Grande Irmão.

Todo mundo em Oceânia é "camarada" um do outro e acredita em tudo que o Partido fala, são indivíduos sem memória que são obrigados a acreditar no que vê no momento como verdade absoluta. O que o partido falou hoje sempre foi assim. Quem vai contra esse comportamento é criminoso e está cometendo o pensamento-crime, o pior tipo de crime que pode-se cometer em Oceânia, ir contra o partido.

Winston tem memórias de uma vida do passado, de quando era criança e as coisas eram muito diferentes. Em 1984 é proibido o afeto entre as pessoas, não há mais a noção de família como tinha-se antigamente e tudo o que se vive é em prol do partido. Não há pensamento único e genuíno mas sim o coletivo. Uma pessoa não é mais lembrada pelo que ela foi mas sim pelo seu apoio ao partido. É o fim da individualidade e do humanismo do homem.

Ao longo da estória Winston esbarra com um amor proibido e sentimentos que ele nunca sentira antes e também procura aliados que compartilhem da sua revolta e fúria contra o Partido, missão difícil em um mundo controlado onde até as expressões mínimas eram observadas e avaliadas.

Sobre o livro

O livro é dividido em 3 partes, na primeira há um detalhamento sobre a sociedade e sobre quem era Winston, a segunda envolve o romance com Júlia e sua busca por pequenos jeitos de ir contra o Partido através de pequenos atos e a terceira vocês descobrirão quando ler o livro senão terei que revelar parte da estória.

Winston não é o tipo comum de herói, ele pode até parecer ser cruel às vezes e frio, mas faz parte do retrato da sociedade em que vive. Não esperava o final pois ele não segue o curso imaginário da maioria das estórias, apesar de a estória ser uma ficção é um pouco chocante ver as coisas dando errado.

Apesar de ser de 1949 achei o livro muito atual, muitas partes da história eu lia e concordava totalmente. No final da edição que eu tenho, a de 2009, há um apêndice contando sobre a NovaFala e posfácios com maiores explicações históricas acerca do livro. É muito interessante ler, acrescenta muito ter noção da base usada para a estória e o momento em que ela foi escrita.

Fora os posfácios o que eu achei é que 1984 é um livro que fala sobre o ser-humano e o destino da humaninade. É uma crítica ao socialismo, ao nazismo alemão e a todos os grandes líderes que achavam que podiam formar uma sociedade perfeita ao seu ver e para a sua adoração, se achando os grandes porta-voz de Deus ou até o próprio. Também senti uma crítica a mídia que está intimamente ligada aos interesses do Estado. Muitas vezes Winston fala sobre seu trabalho no Ministério da Verdade, ao molde que a mídia faz dos registros, e o pior de tudo é a sociedade não perceber. Eu mesma não sei quantas vezes já fui procurar a Globo para verificar se um fato que ouvi de alguém ou outra emissora disse é verídico, se ela diz que sim eu acredito. Senti uma crítica a falta de crescimento intelectual do homem, da procura pelo conhecimento e da acomodação a que estamos acostumados.

Sobre a narrativa, ela é bem gostosa de ler mas por causa da diferença de época há uma palavra ou outra desconhecida mas nada que um dicionário não resolva. Orwell (ou Eric Arthur Blair) com certeza eu lerei de novo, o livro "A Revolução dos Bichos" é o próximo dele que desejo, gostei dessa visão dele e do jeito que escreve.

Esse livro foi publicado 7 meses antes da morte de Orwell e foi o livro de inspiração para o famoso programa Big Brother (o "Grande Irmão" do livro). Não entrarei neste tópico porque isto daria outro post, mas me cobrem se quiserem.

Bom, para este post não ficar maior do que já está não separarei a seção "Por que ler e ter" e "Por que não ler e não ter" mas direi aqui. Provavelmente se você estuda seu professor te mandará ler esse livro em algum momento, seja na escola, ou na faculdade, a sociologia adora discuti-lo; a diagramação dele é linda, belo trabalho da Companhia de Letras; é um livro essencial que ajuda a abrir a mente para peculiaridades. Porém se você não curte muito essas discussões e reflexões, se não curte esse tipo de leitura não vale a pena ler porque não irá gostar. =/

Perdão pelo tamanho da resenha, espero que curtam!

Beijões e até o próximo post!